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Pesquisa da Uema destaca a segurança alimentar do ponto de vista nutricional e fitossanitário

Pesquisa da Uema destaca a segurança alimentar do ponto de vista nutricional e fitossanitário

Pesquisa da Uema destaca a segurança alimentar do ponto de vista nutricional e fitossanitário


Por em 15 de julho de 2024


O uso de variedades biofortificadas de feijão-caupi na melhoria da qualidade nutricional e incremento da renda, desenvolvido em São Luís e Balsas, na comunidade rural Angelim. Esse é o foco da pesquisa realizada por Larisse Raquel Carvalho Dias durante o seu doutorado em Agroecologia pela Universidade Estadual do Maranhão.

A pesquisa, intitulada “Manejo de doenças em variedades tradicionais e cultivares biofortificadas de feijão-caupi [Vigna unguiculata (L) Walp]”, teve a orientação da Profa. Dra. Antonia Alice Costa Rodrigues, sendo uma das premiadas no VII Prêmio Emanoel Gomes de Moura de Teses e Dissertações.

“A ideia surgiu devido a necessidade de melhorias para a segurança alimentar do ponto de vista nutricional e fitossanitário. A sociedade necessita de alimentos que garantam a segurança e eficiência alimentar, devido ao que chamamos de fome oculta, que basicamente consiste no consumo de alimentos que não possuem a quantidade de nutrientes necessários para suprir as necessidades do organismo humano”, explicou Larisse.

Com isso, veio a escolha da cultura, considerando a crescente expansão do feijão-caupi no país, sua notória importância alimentar para a região Nordeste e por ser base alimentar para o estado do Maranhão, onde há carência da população do meio rural maranhense no tocante à qualidade alimentar e necessidade da melhoria do sistema produtivo.

“Além disso, a maior parte da produção de feijão-caupi está concentrada na região Nordeste, que se destaca na produção a nível nacional, sendo a agricultura familiar a maior responsável, devido a rusticidade dessa cultura. Por isso, essa cultura possui reconhecida importância nutricional e socieconômica nessa região”, destacou ela.

A pesquisa buscou o manejo sustentável das doenças do feijão-caupi através do controle biológico associado a inserção de cultivares biofortificadas e com a tecnologia da Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), já que essas plantas têm a capacidade de associar-se mutuamente com bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico, o que reflete na melhoria fisiológica, nutritiva e produtiva, fortalecendo a cadeia produtiva e incentivando a permanência desse produtor no campo.

Sendo assim, o controle biológico é uma alternativa ambientalmente sustentável, devido ao menor impacto ambiental e a saúde humana, podendo ser promovido por meio de bactérias antagonistas a fungos.

Além disso, a inserção de cultivares biofortificadas que são cultivares com maior teor de nutrientes advindas do melhoramento genético de feijão-caupi, promovem aumento da qualidade alimentar, já que esta cultura tem grande aceitação pelo produtor/consumidor nordestino e muitas vezes constitui-se como única fonte de proteína.

“A aplicação de Bacillus methylotrophicus Bradyrhizobium sp. confere uma alternativa sustentável para melhoria do desempenho vegetal e auxílio no manejo dos sistemas produtivos de feijão-caupi. Estudos posteriores devem avaliar a eficácia desses métodos em pesquisas realizadas para outros patossistemas”, ressaltou Larisse ao citar os resultados da pesquisa.

Ela, ainda, destacou o que de aprendizado obteve na pesquisa: “Eu me senti honrada em fazer parte de uma pesquisa tão original e necessária. A cultura do feijão-caupi necessita do desenvolvimento de novas tecnologias para aumentar o seu potencial produtivo e alimentar. Poder contribuir com os avanços nas pesquisas dessa cultura é muito satisfatório, do ponto de vista profissional e social. Aprendi que os desafios da pesquisa estão bem além daqueles enfrentados no laboratório. Hoje sei que o maior desafio é preparar a ciência construída dentro de um laboratório para enfrentar a realidade e intempéries de um campo produtivo”.

Para a professora Antonia Alice, “esse trabalho foi uma junção de pesquisa, extensão e transferência de tecnologia, através da montagem de uma vitrine/experimento na comunidade, com envolvimento dos agricultores familiares, além de alunos e professores dos cursos de Agronomia de São Luís e Balsas. E, com certeza, proporcionou um leque de conhecimentos e experiências à discente, ampliando a sua experiência profissional, que é o que nós primamos no Programa de Pós-graduação em Agroecologia”.

Participação da comunidade

Em Balsas, o experimento de campo no povoado Angelim foi finalizado com o dia de campo na área experimental, em que através de palestras foi explicado quais tecnologias foram inseridas no campo experimental, desde o uso das sementes biofortificadas a inoculação das bactérias.

O momento contou com a distribuição de folder e cartilha para os produtores com as características, principais doenças e formas de manejo para as variedades analisadas na área experimental no local.

O material foi elaborado e ilustrado de acordo com a realidade observada em campo, no decorrer desse experimento, gerando assim um material baseado na vivência do produtor e dos pesquisadores durante o andamento experimental.

Além da transferência de tecnologia, houve demonstração da unidade experimental, degustação de receitas preparadas com feijão-caupi e distribuição de sementes da cultivar biofortificada BRS Aracê. 

Prêmio Uema de Teses e Dissertações

A pesquisa foi uma das premiadas no VII Prêmio Emanoel Gomes de Moura de Teses e Dissertações, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Agroecologia.

“Receber o Prêmio é uma honra imensa e um marco significativo na minha trajetória acadêmica. Este reconhecimento valida todo o esforço, dedicação e paixão que investi em minha pesquisa. Sinto uma profunda gratidão à Universidade Estadual do Maranhão por esta distinção, que não apenas celebra o meu trabalho, mas também destaca a importância da pesquisa científica para a nossa sociedade. Este prêmio me enche de confiança para continuar contribuindo com a ciência e a educação, motivando-me a perseguir novas descobertas e inovações. Agradeço ao Programa de Pós-graduação em Agroecologia, a minha orientadora Antonia Alice, colegas de pesquisa (Leo, Erlen, Anna e Eliza) e família, cujo apoio foi essencial para esta conquista. Este reconhecimento reforça a crença de que, com determinação e colaboração, podemos alcançar resultados extraordinários”, finalizou Larisse.

Sobre o prêmio, a professora Antonia Alice frisou: “é um incentivo aos programas de Pós-Graduação, aos docentes e, principalmente, aos discentes, que têm os resultados de seus trabalhos valorizados pela instituição, e isso é muito gratificante”.

Por: Paula Lima/PPG